Um dos comentários do playtest do Ricardo Tavares está intimamente ligado à parte do setting que ainda está largamente por desenvolver, que é a tecnologia, e como é que o “tech” de “tech-noir” é representado
ou não no seu sistema - que são as palavras exactas do Ricardo.
A aventura inicial está ligada a um tema recorrente em Angola, que é o racismo dos angolanos em relação aos senegaleses, mas este pode ser um tema demasiado forte para ser tratado numa aventura inicial, que se pretende agarre toda a gente logo à partida; o tema é adequado a um jogo de noir, no entanto, e toda a gente que testou o jogo parece divertir-se, mas persiste a questão da tecnologia, e eu insisto que o tema do racismo é demasiado forte numa aventura inicial.
Por isso estou a pensar numa outra aventura para por no documento de jogo, uma que foque mais o tema da tecnologia, e deixe a parte do noir ligada aos Traços, uma vez que "o “noir” está muito bem estabelecido através dos Traços", mais uma vez nas palavras do Ricardo.
No ano 2050 a inteligência artificial é uma realidade, assim como as projecções holográficas. Isto reflecte-se numa piada que eu acho muito gira que é o grupo Kissanguela, um grupo que existiu durante a década de 1970 em Angola, e que é recriado artificialmente para entrar directamente nos tops de música, remisturado com as melhores batidas techno numa fusão demolidora; para perceber melhor o exemplo, os Kissanguela são a versão Luanda 2050 dos Gorillaz, uma banda virtual; no entanto, os Kissanguela são muito mais que uma banda virtual, eles existem realmente como personalidades de inteligência artificial, dão entrevistas em tempo real a webcasters especializados e compõem as suas próprias músicas; eles surgiram na cena musical angolana há 4 anos, criados por um fâ do revivalismo com tempo demais nas suas mãos.
E a aventura começa quando a banda convoca uma conferência de impressa para anunciar que a Fató, ou Juliana Manuel, a voz dos Kissanguela recriados, está desaparecida...
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